“A expectativa de vida do homem brasileiro é de sete anos a menos do que a mulher. Níveis diferenciados de hormônios e opções de estilo de vida podem ajudar a explicar em parte a disparidade.”
Por Harvey B. Simon
Nos últimos 50 anos, a expectativa de vida cresceu incessantemente. As principais razões para essa tendência são os enormes progressos em diagnósticos e tratamentos médicos, assim como a mudança no estilo de vida, com ênfase em dietas mais saudáveis e exercícios regulares, além de dependência cada vez menor de cigarros. Uma coisa, porém, não mudou: a expectativa de vida entre os sexos. As pessoas de ambos os sexos estão vivendo mais, porém os ganhos na expectativa de vida das mulheres ao nascer superam a dos homens. Em 1910, a vida média das brasileiras era de 34,6 anos, e a dos homens de 33,4 anos; em 2001, a média havia subido para 72,9 e 65,1 anos, respectivamente, segundo dados do IBGE. Esse fato é observado em todos os países que dispõem de estatísticas de saúde confiáveis.
Os médicos não têm certeza de porque as mulheres vivem mais, mas é provável que diversos fatores contribuam para a diferença demográfica entre os sexos. Os homens são diferentes das mulheres desde o momento da concepção. Está tudo nos genes: o cromossomo masculino Y inicia o processo da diferenciação sexual no segundo trimestre da gravidez, quando os testículos do feto secretam o hormônio masculino testosterona. A importância de hormônios fetais na determinação das características sexuais é evidente, mas o papel que tem na longevidade não está absolutamente claro.
De qualquer maneira, o fosso de longevidade se manifesta pela primeira vez na vida embrionária. As células espermáticas que contêm o cromossomo Y conseguem nadar mais rápido do que espermatozóides portadores do cromossomo X. Em conseqüência, 115 homens são concebidos para cada 100 mulheres. Entretanto, por razões não totalmente compreendidas, embriões masculinos têm maior probabilidade de ser abortado do que os femininos, e por isso o número de meninos supera o de meninas na proporção de apenas 104 para 100 no momento do nascimento. A diferença é pequena até na adolescência, quando a testosterona começa a funcionar e os meninos passam a se comportar como homens. A conseqüência: acidentes com veículos motorizados, homicídios e outras mortes violentas, o que faz com que a taxa de mortes masculinas dispare. Aos 25 anos, o número de mulheres é maior do que o de homens, e continua a se ampliar.
Os níveis de estrogênio e testosterona entre homens e mulheres são a maneira mais simples de explicar a diferença populacional, embora não elucidem totalmente a variação na expectativa de vida. Durante os anos reprodutivos, as mulheres têm probabilidade muito menor dos que os homens de sofrer doença cardíaca. O estrogênio faz a diferença: o hormônio feminino reduz o colesterol LDL (“mau”) e eleva o HDL (“bom”). E, mulheres que tomam estrogênio após a menopausa têm aproximadamente 50% menos ataques cardíacos.
Embora os homens tenham menos estrogênios, eles têm muito mais testosterona. A testosterona faz o homem e suas características, que vão desde músculos grandes e ossos fortes ao padrão de comportamento agressivo que normalmente distingue os homens das mulheres. Mas será que a testosterona também pode provocar doença nos homens? As doses bastante altas de andrógenos (hormônios masculinos) usados ilicitamente por alguns atletas certamente criam riscos, freqüentemente causando comportamento aberrame, tumores no fígado, esterilidade e doenças no coração. Abuso de drogas é uma coisa, testosterona natural é outra – mas novas evidencias sugerem que mesmo os níveis normais de testosterona produzidos pelo corpo de um homem podem elevar o risco de enfermidades.
Estilo de Vida
A próstata é um exemplo óbvio. Na próstata, a testosterona é convertida em dihidrotestosterona (DHT), que é o hormônio que provoca o câncer da próstata, uma doença que mata muitos homens.
Os homens não podem modificar seus cromossomos, e muito poucos alterariam seus hormônios, mesmo em busca da longevidade. Mas podem alcançar as mulheres, caso fiquem longe de algumas opções de estilo de vida que ampliam o fosso de tempo de vida entre os sexos.
O fumo é um desses problemas – até os anos 1960, os homens fumavam muito mais do que as mulheres e, embora hoje o número de tabagistas esteja se convergindo, pessoas do sexo masculino ainda predominam. O alcoolismo é outro problema tradicional masculino cada vez mais compartilhado por mulheres. Estes, quando ingerido em doses altas, encurtam a vida, por aumentar a incidência de hipertensão, derrame, doenças do fígado, acidentes e diversos câncer.
As dietas diferentes dos homens e mulheres podem também ajudar a explicar porque essas últimas vivem mais. Na maioria dos casos, as mulheres adotam alimentação mais saudável, com proporção maior de vegetais e menor de carnes. A predileção masculina por carne e batatas poderia ceder lugar a vegetais, frutas, grãos e peixes, o que diminuiria a proporção de gordura comida pelos homes. A dieta realmente faz a diferença.
Um fator mais significativo para a longevidade é que as mulheres cuidam de sua própria saúde melhor do que os homens. Elas são mais disciplinadas no que diz respeito a check-ups e exames preventivos e estão sempre fazendo exercícios físicos.
POSTADO POR: MÁRCIO HENRIQUE PEREIRA DA SILVA.
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