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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Neurofibromatose


BREVE RESENHA HISTÓRICA

Em 1882, a Neurofibromatose, foi inicialmente identificada, na literatura médica, pelo Dr. Friedrich Von Recklinghausen, e desde aí ficou conhecida durante muitos anos como Doença de Von Recklinhausen. Era conhecida como a neurofibromatose periférica porque alguns dos seus sintomas - tumores e manchas na pele - pareciam limitar-se a afectar os nervos externos, ou melhor, o sistema nervoso periférico dos indivíduos. Este nome não é tecnicamente exacto porque, sabe-se hoje, que podem também aparecer tumores no sistema nervoso central na Neurofibromatose-Tipo 1 (NF1).

Nos últimos anos a investigação sobre esta doença tem aumentado. O "National Institute of Neurological Disorders and Stroke" (NINDS), dos E.U.A., tem como principal trabalho conduzir e promover pesquisas sobre doenças neurológicas.

Há alguns anos atrás, grupos de pesquisa do NINDS, localizou a posição exacta do gene NF1 no cromossoma 17. O gene NF1 foi clonado e a sua estrutura analisada. O produto do gene NF1 é uma grande e complexa proteína chamada neurofibrina. Uma porção desta proteína é semelhante à família das proteínas chamadas GAP (Guanosine Triphosfatase-activating Protein). Os cientistas demonstraram que estas proteínas GAP têm um papel muito significante na supressão dos tumores em certos câncros. As proteínas agem desviando a regular interacção e sequência do complexo químico do crescimento celular. A semelhança da proteína NF1 e as proteínas GAP sugerem que, a proteína NF1 pode ter um papel de desvio semelhante no desenvolvimento dos neurofibromas. Os cientistas teorizam que estes defeitos no gene podem diminuir ou inibir a normal produção destas proteínas e permitir um crescimento celular irregular, o que pode levar ao desenvolvimento tumoral

DEFINIÇÃO DA DOENÇA

Neurofbromatose - Tipo 1 (NF1) é o nome dado a uma desordem genética clínica. Está caracterizada por manifestações proeminentes, tais como, manchas ou pontos "café-au-lait", de cor castanha, na pele, elélides e neurofibromas (tumores fibrosos moles que se desenvolvem a partir dos nervos) (FOTO 1) . Outras características incluem nóduls na íris de Lisch (FOTO2), displasia de ossos longos, glioma óptico e neurofibroma plexiforme.

Foto (1)

Foto (2)


Os pontos "café-au-lait" são manchas planas pigmentadas na pele (lado superior direito).
e neurofibroma dermal (centro). Os pontos "café-au-lait" foram assim chamados, devido ao termo Francês para designar café com leite evidenciando a sua cor acastanhada




Os nódulos de Lisch têm um crescimento benigno pigmentado à volta da íris, frequentemente em ambos os olhos. Isto não interfere na visão A NF1 é causada por uma mutação de um gene de um cromossoma humano.
O cariótipo humano é constituído por 23 pares de cromossomas, recebendo um grupo de 23 cromossomas de cada um dos seus pais. Os cromossomas transportam os genes que determinam as características individuais, como o sexo, estatura, cor dos olhos e cabelo, e os traços distintivos da família. Os genes estão ligados à produção de proteínas que controlam o desenvolvimento individual e a saúde. Se um gene herdado é efeituoso, ou se torna defeituoso espontaneamente, antes do nascimento, pode aparecer uma doença genética.
Cada criança de pais afetados pela NF tem 50% de chance de herdar o gene defeituoso e desenvolver NF. O tipo de NF herdada pela criança é sempre a mesma que afeta os pais (isto porque há 2 tipos de neurofibromatose, a NF1 e a NF2; este trabalho só se refere à NF1), contudo a intensidade da manifestação pode ser diferente de pessoa para pessoa da família.
A alteração genética que provoca a NF1 é considerada uma mutação autossómica dominante, mais comum na espécie humana, com taxa de mutação de 40 a 100 x 10 -6 e cerca de 50% dos pacientes apresenta mutação nova.

O estudo de famílias com Neurofibromatose - Tipo 1, levou à identificação do locus do gene NF1 na banda 1, região 1, do braço longo do cromossoma 17 (17q11). O produto do gene NF1 parece ser um componente do sinal de transdução, controlando a diferenciação celula. Mutação no gene NF1 levaria à redução da sua função, permitindo que células que deveriam diferenciar-se, escapem ao controlo e se continuem a reproduzir. Se o segundo alelo também sofre mutação, o crescimento celular ficará ainda mais descontrolado.




IDENTIFICAÇÃO DA DOENÇA - Diagnóstico da NF1

O modo mais fácil de descobrir se um indivíduo tem NF1 é tentar encontrar várias manchas "café-au-lait" - manchas lisas castanhas sobre a pele. Por vezes, aparecem logo após o nascimento, mas, mais frequentemente, podem aparecer nos primeiros meses de vida continuando, geralmente, a aumentar em número por um período de vários anos. As manchas castanhas "café-au-lait" em si mesmas são inofensivas e, em geral, não passam de meras "marcas de nascença". Não é por ter uma ou duas manchas acastanhadas que têm Neurofibromatose - Tipo 1.

Os indivíduos com Neurofibromatose - Tipo 1, frequentemente, têm muitas manchas "café-au-lait", por vezes centenas, e sempre mais de seis. As manchas têm até 5 mm de tamanho em indivíduos pré-puberes e mais de 12 mm após a puberdade. Isto não significa que haja ligação entre o número de manchas da pessoa e o grau de severidade da doença. Assim, a presença de múltiplas manchas "café-au-lait" somente sugere um diagnóstico da NF1, não provando a sua existência. O diagnóstico da Neurofibromatose - Tipo1 só pode ser confirmada se outras características estiverem também presentes.

Outra característica da pele é a existência de efélides (sardas) debaixo dos braços (axilas) ou na zona das virilhas, Há pessoas que apresentam efélides nas partes do corpo expostas à luz solar, mas nos indivíduos com NF1 aparecem efélides em áreas do corpo não expostas ao sol. Estas efélides são inofensivas, mas podem ajudar a diagnosticar a NF1.

Os neurofibromas, pequenos crescimentos celulares originados por cima da cobertura que circunda os nervos, são frequentemente, detectados como pequenos inchaços na pele. A maioria dos neurofibromas da pele são pequenas, desde o tamanho da cabeça de um alfinete até ao tamanho da borracha de um lápis. Estes podem aparecer em qualquer lugar da pele, em qualquer altura da vida. Não servem para prever o número de neurofibromas que os indivíduos com NF1 podem vir a ter. Na maioria das pessoas só aparecem 1 ou 2, mas noutras podem aparecer muito mais. Os neurofibromas não aparecem somente na superfície da pele, podem também aparecer em qualquer local do corpo, onde existam nervos. Por vezes os neurofibromas podem apalpar-se e são semelhantes a ervilhas ou inchaços debaixo da pele. Outros podem ser tão profundos no corpo que a pessoa com NF1 é desconhecedora da sua existência. Os neurofibromas dermais são freqüentemente suaves e sem dor.

A observação de todas as características da doença envolve um cuidadoso exame físico, incluindo um exame aos olhos, num oftalmologista. O diagnóstico da NF1 é considerado estabelecido em qualquer pessoa desde que tenha duas das características da lista que se segue:

Seis ou mais manchas cor de café com leite, acima de 0,5 cm (diâmetro) em indivíduos pré-puberes e acima de 1,5 cm em pós-puberes;
Dois ou mais neurofibromas de qualquer tipo ou um neurofibroma plexiforme (com forma de rede);
Efélides na região axilar ou na zona das virilhas;
Glioma óptico (um tumor no nervo óptico)
Dois ou mais nódulos de Lisch, na íris dos olhos;
Displasia da esfenóide ou adelgaçamento do córtex de ossos longos com ou sem pseudo-artrose;
Um parente de 1º grau com Neurofibromatose-Tipo1, pelos critérios enumerados acima.
Por exemplo, a criança com mais de seis manchas cor de café com leite que também tem nódulos de Lisch, pode ser considerada afectada.

O diagnóstico da NF1 é baseado, atualmente, nos critérios clínicos recomendados por uma conferência de consenso do NIH (National Institutes of Health - uma unidade do Governo Federal dos E.U.A.) em 1987.

Seguidamente, podem observar-se fotos que demonstram diferentes aspectos visíveis de Neurofibromatose-Tipo1.

Ainda não há cura para a NF1. O tratamento passa por um controlo dos sintomas. O diagnóstico precoce, a vida que levam e a cirurgia, são a proteção preliminar para o paciente com NF1. O diagnóstico precoce é, assim, especialmente importante, embora nem sempre possível, porque fornece uma oportunidade de detectar cedo complicações e de oferecer o tratamento apropriado.

O teste genético é vantajoso para famílias com casos documentados de NF1. As análises genéticas podem ser usadas para confirmar diagnósticos clínicos se a doença for o resultado de herança familiar. Novas (espontâneas) mutações não podem ser confirmadas geneticamente. O diagnóstico pré-natal, para famílias com NF1, é possível utilizando o método da amniocentese ou amostragem de vilosidades coriónicas. Conselheiros genéticos podem, também, providenciar informação acerca destes processos e servirem de guias aos indivíduos com NF1.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

http://doencasrarissimas.blogspot.com/2010/11/neurofibromatose.html

POSTADO POR: RANIELY GOMES FIGUEIREDO

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